Maria Aparecida Lima Dias

Doutorado – Data da defesa: 9/8/2007 (FEUSP/SP)

Título: Relações entre língua escrita e consciência histórica em produções textuais de crianças e adolescentes

Resumo: As concepções empiristas de aprendizagem no ensino de História centram-se, via de regra, na transmissão de fatos e conceitos por meio da exposição do conteúdo e dos exercícios de fixação. No ensino da língua escrita, privilegiam o domínio do código e da ortografia, centrando-se mais nas estruturas do que nos usos. Opondo-se a isso, o presente estudo parte de uma revisão conceitual sobre a História e o ensino de História, a escrita e o processo de aprendizagem desse sistema de representação, instituindo-os como um paradigma educativo voltado para a formação do sujeito pensante. Com base nesse pressuposto, o presente trabalho pretende contribuir para a compreensão dos processos cognitivos movidos na complexidade das relações interdisciplinares, mais especificamente, tomando o imbricamento entre o desenvolvimento da consciência histórica e da competência narrativa. Calcada nas reflexões de Vygotsky e Bakhtin sobre a relação palavra e consciência, e de Rüsen sobre a consciência histórica enquanto aprendizagem, a pesquisa teve como objetivo mapear, nas produções escritas, as operações lingüísticas dos alunos, das quais emergem e se transformam fragmentos da consciência histórica. O corpus da investigação foi constituído por 134 produções textuais de 67 estudantes (29 da 5ª série e 38 da 8ª série do Ensino Fundamental) de uma escola municipal de São Paulo. Com o fim de avaliar o processo de transformação da língua e da consciência histórica, a coleta incidiu na escrita e reescrita de um texto: na primeira produção, os alunos foram convidados a se pronunciar sobre um fato cotidiano, explicando a sua ocorrência no presente; na segunda, foram desafiados a reconsiderar a sua produção a partir de uma vivência que pretendeu ampliar os recursos lingüísticos e a complexidade da situação em pauta. A análise comparativa de ambas as produções foi feita com base no paradigma indiciário formulado por Guinzburg. Os resultados apontam para a pluralidade dos processos cognitivos e das estratégias de linguagem, evidenciando a natureza das relações entre a aprendizagem de História e da escrita. Nessa perspectiva, as conclusões fortalecem, indiscutivelmente, as bases para a constituição de uma educação transformadora.

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