Doutorado – Data da defesa: 12/03/2021 (FEUSP/SP)
Título: Aprendizagem da ortografia sob o viés das práticas interativas
Resumo: Considerando que a aprendizagem da língua escrita, para além da reflexão discursiva, depende da elaboração de aspectos notacionais, e que a interação em sala de aula afeta esse processo, a pesquisa teve como objeto a aprendizagem da ortografia, contemplando a progressão dessa aquisição em dois eixos de abordagem: a interação da criança com o adulto e a interação entre pares. Valendo-se do referencial teórico dos estudos psicogenéticos e histórico-culturais (a concepção das crianças como sujeitos ativos e protagonistas da aprendizagem; a língua como prática social e a aprendizagem como construção do indivíduo na relação com as experiências vividas), assumiu o objetivo de analisar o modo como a aprendizagem da ortografia se constitui e como, em diferentes momentos, as práticas interativas podem gerar possibilidades de reflexão. Para tanto, o estudo de caso longitudinal, feito com alunos de uma escola privada em Santos/SP, contemplou cinco etapas entre o 2º e o 4º ano do Ensino Fundamental, período em que a aprendizagem da escrita convencional passa a ser um dos principais focos de reflexão dos alunos. A coleta de dados foi realizada com base na escrita de ditados de palavras e nas reescritas de textos, considerando-se tanto o processo como o produto dessas atividades. Os dados demonstraram que as crianças progridem no desempenho ortográfico conforme avançam na escolaridade, apropriando-se das regularidades diretas, regularidades contextuais e irregularidades da escrita – geralmente nesta ordem. Na interação com o adulto, a análise das referências usadas para a correção da escrita revelou quatro categorias: a escrita justificada pela pauta sonora, a validação da ortografia com base em alguém mais experiente (um “interlocutor autorizado”), o apoio na imagem visual da palavra e a evocação da norma ortográfica. Já nas interações entre as crianças, verificou-se diferentes graus de reflexão pautados por situações de conflitos, situações de centralização dos encaminhamentos por um aluno e situações de acordos pautadas em critérios linguísticos ou em acordos sociais. A comparação entre os tipos de produção revelou que os alunos obtiveram melhores resultados ortográficos nos ditados de palavras do que nas reescritas de textos. A partir da compreensão sobre da aprendizagem da ortografia e do potencial das situações interativas nesse processo, foi possível vislumbrar implicações pedagógicas que sugerem a revisão de práticas de ensino.
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