Renata Fiorim Siqueira

Data da defesa: 03/04/2018 (FEUSP/SP)

Título: Práticas pedagógicas: como se ensina ler e escrever no ciclo de alfabetização?

Resumo: O presente estudo está inserido na Linha de Pesquisa “Educação, Linguagem e Psicologia” do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Considerando o ensino da língua escrita como a função primeira da escola a fim de formar leitores e escritores proficientes, justifica-se o Ciclo de Alfabetização como âmbito privilegiado de atenção, sobretudo quando se tem em vista os resultados insatisfatórios das pesquisas de avaliação do desempenho escolar. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo o estudo das práticas pedagógicas nas classes de 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental. Partindo da hipótese de que, no contexto escolar, pode haver oscilação nas propostas de ensino com diferentes implicações para o processo de aprendizagem, o foco da investigação está nas práticas e intervenções docentes. Assim, o estudo constitui-se pela observação de seis turmas do Ciclo de Alfabetização em uma escola da rede pública estadual paulista, na cidade de São José dos Campos, em dois diferentes momentos (2014 e 2015), com o intuito de registrar as propostas de trabalho no ensino da Língua Portuguesa a partir de quatro eixos: a natureza da atividade, a natureza da demanda feita ao aluno, a natureza linguística da proposta e a natureza interacional na dinâmica de produção da turma. Os dados foram coletados com base nas concepções dialógica de língua (Bakhtin), e interacionista de aprendizagem (Piaget e Vygostky); mais especificamente, na alfabetização como processo constituinte da pessoa pela progressiva aproximação do aluno com as culturas do escrito em situações de reflexão e efetiva comunicação social (Geraldi, Ferreiro, Teberosky, Lerner, Weisz e Sanchez). As conclusões do estudo apontam para o predomínio de atividades de escrita em uma perspectiva notacional, nas quais prevalecem o objeto e a razão do escrever em detrimento da definição de interlocutores. Em outras palavras, a escrita na escola configura-se mais como objeto de aprendizagem do que como prática comunicativa. O ensino, por sua vez, aparece geralmente centrado no professor, isto é, com poucas oportunidades de reflexão e interação entre alunos. No conjunto dos dados, comprovou-se a oscilação entre turmas do mesmo ano e também na progressão de cada turma, o que põe em evidência a difusão das atividades de língua portuguesa em planos de trabalho nem sempre coerentes com o perfil das turmas ou com as diretrizes de ensino. A análise desses dados remete à necessidade de se repensar os planos de ensino e a progressão do trabalho na escola, além de subsidiar projetos de formação docente.

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