Mestrado – Data da defesa: 25/6/2009 (FEUSP/SP)
Título: Ensino de português: a caixa-preta da gramática pedagógica
Resumo: À luz da concepção bakhtiniana de linguagem e do pressuposto de que ensinar a língua não é ensinar gramática normativa, o trabalho tem por objetivo analisar uma gramática considerada como modelo da indústria cultural, a Gramática da Língua Portuguesa, de Pasquale e Ulisses. Este exame parte de quatro eixos de investigação, a saber: concepções teóricas, abordagem didático-metodológica, enfoque relacional e dimensão mercadológica. Levando em conta a relevância dos estudos sobre os livros didáticos no ensino de língua materna, a pesquisa objetiva contribuir para os debates educacionais e para a revisão das concepções de ensino de língua portuguesa, com fundamentação na lingüística moderna e nos postulados de Giroux, Bakhtin, Bourdieu, Freire, Eco e Bonazzi, Nozella e Olson. A pesquisa visa também compreender a organização da mencionada gramática pedagógica, tanto no que diz respeito à proposta, ao objeto e ao referencial de ensino de português, bem como a tendências e significados assumidos por seus autores. Para tanto, examinam-se as concepções de linguagem e suas implicações, as exigências mercadológicas da indústria cultural e os atuais dilemas da formação do professor no Brasil. Desta forma, não se trata apenas de apontar as adequações e inadequações da referida gramática à luz da lingüística moderna, mas também de avaliar a coerência interna da obra pelo confronto entre seus princípios e as atividades práticas propostas. Igualmente, permeia esta dissertação o questionamento sobre os fatores que fazem a gramática pedagógica de Pasquale e Ulisses encontrar eco na escola, e como os autores organizam seu trabalho para contemplar estas demandas. As conclusões do estudo apontam para a aceitação desta obra, na escola e na sociedade, pautando-se significativamente nos fatores interferentes na produção do material didático, que nascem na indústria cultural e ganham força no mercado editorial. Evidencia-se também como o ensino da língua pode fortalecer concepções equivocadas, acirrando os mecanismos de discriminação lingüística.
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