Gisleni Bertoni de Almeida

Doutorado – Data da defesa: 21/6/2012 (FEUSP/SP)

Título: Representações docentes no ensino médio: leitura, escrita e aprendizagem por competências no currículo do estado de São Paulo

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo apreender as representações docentes acerca de concepções básicas do Currículo proposto pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em 2009: a leitura e a escrita, que são tomadas como um eixo prioritário nas diferentes áreas do Ensino Médio, e a aprendizagem por competências. A expectativa de que o confronto entre as representações e os princípios curriculares pudessem resultar em subsídios para compreender as formas de assimilação do programa e suas possíveis implicações pedagógicas fortaleceu a iniciativa deste estudo. Assim, considerando a complexidade inerente ao processo de inovação curricular baseado em princípios específicos e desafiadores, a investigação partiu da seguinte questão: como a proposta do Currículo oficial do Estado de São Paulo para o trabalho centrado nas competências em leitura e escrita no Ensino Médio está sendo incorporada pelos docentes? Tomando como pressuposto que a possibilidade de implementação do novo passa pela assimilação conceitual dos professores, que se evidencia no plano discursivo, buscou-se na Teoria das Representações de Lefebvre a fundamentação teórica para a análise das entrevistas realizadas com 12 professores de diferentes áreas de uma escola estadual da Grande São Paulo, o que permite situar o trabalho como um estudo e caso. Com base no mapeamento das concepções docentes, feitas em dois eixos de abordagem – a leitura e a escrita no Ensino Médio e a aprendizagem por competências -, foi possível apreender diferentes representações. No primeiro eixo, a leitura e escrita podem ser compreendidas como recurso para o acesso ao saber escolar, o acesso ao mercado de trabalho, a compreensão sobre o mundo e a ação sobre o mundo. No segundo eixo, as competências aparecem ora sob a forma de representação dicotômica, segregando conteúdos e competências, ora como representação sincrética que, em uma perspectiva prática, vincula competências à leitura e escrita, ou ainda como representação analítica, processada no plano teórico em argumentos que se aproximam da concepção prevista pelo Currículo. No conjunto dos depoimentos, observa-se que a presença do novo altera posturas, desencadeando reações de adesão ou de resistência em diferentes modos de representar os princípios propostos pela SEE. Daí a dificuldade de se garantir na escola a assimilação uniforme, plena e profunda entre os docentes a ponto de fortalecer o trabalho em equipe e subsidiar uma implementação da proposta coerente com o novo paradigma curricular. Mais do que a transmissão de ideias, a assimilação dos novos princípios faz parte de um complexo processo de entendimento e ressignificação do trabalho escolar, além da disponibilidade para lidar com a revisão das práticas.

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